Algumas pessoas simplesmente conseguem tirar o melhor da gente, e é engraçado como isso é uma coisa natural, eu diria até sensorial. Essas pessoas tem e passam algum tipo de carga energética que chega a ser fisicamente perceptível.
Eu, já por várias vezes, me senti o super-homem, e estava apenas sobre o efeito de talvez a melhor droga de todas, a amizade. Nada se compara a um carinho gratuito e a vontade de se divertir e dividir as mazelas juntos. Nada se compara quele sorriso verdadeiro que só os bons e melhores amigos tiram da gente, e também nada se compara ao ombro amigo que não se importa em se encharcar com nossas lágrimas.
Eu não posso falar pelos outros, mas posso falar por mim, os melhores momentos da minha vida eu estava acompanhado de grandes amigos. Quando digo amigos leia-se família, namorada, esposa ou mesmo aqueles que o contato físico sempre se resumiu ao apertado abraço ao comemorar aquele gol no Maraca.
Esse extase fraternal talvez seja um dos maiores combustíveis de que precisamos pra seguir em frente, fortes e sempre prontos, para o que der e vier. Mas não vamos nos enganar nem nos confundir, os amigos de verdade a gente leva pra sempre, mesmo distantes, seja por espaço ou por tempo o sentimento não morre, ele vai estar sempre ali, fazendo a gente se sentir vivo, fazendo a gente curtir a nossa própria história. Encontrar ou reencontrar amigos é sempre uma delícia, falar do passado, curtir o presente e imaginar o futuro torna-se uma quase cerimonia, como os nossos ancestrais faziam. Amigos são divindades terrenas, que nos lembram todos os dias quem nós somos, de onde viemos e para onde vamos.
ps.: dedicado aos grandes amigos de agora e sempre, que moram aqui, dentro do coração e que eu sei que dividem comigo essa mesma paixão pela amizade, pura e livre de obrigações.
terça-feira, 15 de abril de 2008
quarta-feira, 9 de abril de 2008
Saída de cena em três takes
-TAKE 1 -
Sexta feira de muita chuva, daquelas que enchem a cidade e param o trânsito e pra mim mais um dia longo no trabalho. A expectativa de sair tarde era eminente pois as complicações do dia me mostravam que não ia tão cedo pra casa. Liguei pra ela e a avisei que a princípio estava sem hora pra sair, que não me esperasse e jantasse logo, sempre odiei empatar as pessoas.
Mas as coisas acabaram clareando e o que parecia complicado foi rapidamente resolvido. Estava livre pra ir embora bem mais cedo do que esperava e o fiz. No caminho já pensava o que faríamos onde comeríamos, se alugaríamos um filme ou mesmo se só ficaríamos deitados na cama conversando, ela apoiada sobre meu ombro amassadinha no meu peito como gostávamos de ficar.
Subi o elevador já eufórico com muitas idéias e uma saudade enorme por ter pensado tanto nela no caminho. Tentei virar a chave da porta e não consegui, droga, tentei de novo e a fechadura estava realmente emperrada, mas porque diabos a chave não virava? Nossa casa estava com a campainha quebrada então bati na por ta algumas vezes. Ela não demorou, mas ao abrir já me veio com a bomba "o Fábio está ai". Aquela não era a primeira vez que ela me botava em uma situação dessas, um xeque mate mental daqueles de esmagar nossos miolos e disparar coração. Poxa, já tinha dito a ela que passar por aquilo não era legal, chegar em casa e dar de cara com ela e um homem lá sozinhos, pior que o cara nunca ia lá em casa e da outra vez que apareceu por lá foi a mesma cena, mas pelo menos a chave tinha rodado.
Voltando para meu taquicardia, eu só conseguia repetir baixo mas audível "não acredito, porque você faz essas coisas comigo?" antes que eu pudesse explodir na mais justificável raiva sai descendo as escadas sem querer explicações. Abri a portaria e me lancei vagarosamente a rua chorando copiosamente sem a menor vergonha, até porque chovia tanto que talvez ninguém reparasse.
Não sei porque tomei a direção do bar, talvez porque já seja instintivo do homem chorar suas agruras sentado num boteco qualquer do lado de outros mal amados. O telefone tocou antes que eu chegasse ao meu aconchegante ponto de fuga e eu só consegui dizer "some da minha vida, você me faz muito infeliz".
-TAKE 2-
Finalmente um feriado, fomos com amigos pra serra, curtir aquela vidinha mais ou menos de churrasco, cerveja, ping pong, piscína, enfim, amenidades. Estávamos nos divertindo até, se não fosse a maldita falta de tesão dela. Porra, um lugar daqueles, amigos, e nem uma transadinha antes de dormir, pra mim isso é inadmissível.
Na última noite eu não aguentei e resolvi puxar a boa e velha discussão de relacionamento. Trouxe a tona os velhos problemas de sempre que não mudavam, que nós não mudávamos. Até que veio o choque. "Acho que não te amo mais""pra mim tá tudo normal, nem bom, nem ruím". Que ótimo, ouvir aquilo, tudo normal. Pra mim estava tudo uma merda, que porra de casamento era aquele? Quem era aquela mulher que dividia a cama comigo e todos os meus planos para o futuro? Vi que talvez eu mesmo não me conhecesse por ter aceitado chegar até ali sem a postura que eu sempre tive nos meus relacionamentos. Acho que o exceço de amor me dobrou, me amoleceu, não soube me defender de todas as situações que ela me fez passar ao longo de dois anos e meio sobre o mesmo teto.
Meu chão se foi e eu estava deitado, caí do Brasil direto no Japão, um tombo enorme. Fechei os olhos e pedi para que o sono viesse o mais rápido possível. Afinal, quem sabe eu não estivesse apenas sonhando, mesmo que acordado.
-TAKE 3-
O fim já era eminente, durante a semana ela já havia me avisado que iria sexta feira para a casa da mãe. Precisava de um tempo, precisava pensar, precisava se afastar de mim. Eu virei um monstro ao longo do tempo, confesso, virei mesmo, me tornei grosseiro, impaciente, ciúmento demais e extremamente irônico em relação a tudo. Deixei de ter o sorriso que só ela conseguia tirar de mim, deixei de ter a simpatia aflorada que ela tinha me feito descobrir em mim mesmo, ela me mostrou tantas coisas novas que eu quase me tornei um eu novo, melhor. Infelizmente, quem construíu, destruíu.
Contei os dias para a chegada da sexta feira e ela chegou, simples, sem grandes acontecimentos ao longo do dia. Tinha dúvidas se ia pra casa vê-la arrumando as malas ou se enrolava mais no trabalho e torcia pra tudo aquilo não ser verdade, ou que pelo menos ela caísse em si, e visse que tudo foi culpa nossa, mas que a gente podia reverter aquilo juntos, como a gente sempre planejou estar desde o dia que a gente se percebeu no mundo.
Optei por vê-la partir, optei pela esperança de chegar em casa e conseguir dissuadí-la a desistir daquela loucura. Ela disse "duas semanas, talvez um pouco mais", enquanto arrumava as malas, eu não queria chorar, mostrar o quanto estava entregue aquela situação, mas as lágrimas simplesmente escorriam de meus olhos e me enxarcavam a camisa, eu olhava hipnotizado e repetia "você nunca mais vai voltar, eu sei". E ela não voltou.
Sexta feira de muita chuva, daquelas que enchem a cidade e param o trânsito e pra mim mais um dia longo no trabalho. A expectativa de sair tarde era eminente pois as complicações do dia me mostravam que não ia tão cedo pra casa. Liguei pra ela e a avisei que a princípio estava sem hora pra sair, que não me esperasse e jantasse logo, sempre odiei empatar as pessoas.
Mas as coisas acabaram clareando e o que parecia complicado foi rapidamente resolvido. Estava livre pra ir embora bem mais cedo do que esperava e o fiz. No caminho já pensava o que faríamos onde comeríamos, se alugaríamos um filme ou mesmo se só ficaríamos deitados na cama conversando, ela apoiada sobre meu ombro amassadinha no meu peito como gostávamos de ficar.
Subi o elevador já eufórico com muitas idéias e uma saudade enorme por ter pensado tanto nela no caminho. Tentei virar a chave da porta e não consegui, droga, tentei de novo e a fechadura estava realmente emperrada, mas porque diabos a chave não virava? Nossa casa estava com a campainha quebrada então bati na por ta algumas vezes. Ela não demorou, mas ao abrir já me veio com a bomba "o Fábio está ai". Aquela não era a primeira vez que ela me botava em uma situação dessas, um xeque mate mental daqueles de esmagar nossos miolos e disparar coração. Poxa, já tinha dito a ela que passar por aquilo não era legal, chegar em casa e dar de cara com ela e um homem lá sozinhos, pior que o cara nunca ia lá em casa e da outra vez que apareceu por lá foi a mesma cena, mas pelo menos a chave tinha rodado.
Voltando para meu taquicardia, eu só conseguia repetir baixo mas audível "não acredito, porque você faz essas coisas comigo?" antes que eu pudesse explodir na mais justificável raiva sai descendo as escadas sem querer explicações. Abri a portaria e me lancei vagarosamente a rua chorando copiosamente sem a menor vergonha, até porque chovia tanto que talvez ninguém reparasse.
Não sei porque tomei a direção do bar, talvez porque já seja instintivo do homem chorar suas agruras sentado num boteco qualquer do lado de outros mal amados. O telefone tocou antes que eu chegasse ao meu aconchegante ponto de fuga e eu só consegui dizer "some da minha vida, você me faz muito infeliz".
-TAKE 2-
Finalmente um feriado, fomos com amigos pra serra, curtir aquela vidinha mais ou menos de churrasco, cerveja, ping pong, piscína, enfim, amenidades. Estávamos nos divertindo até, se não fosse a maldita falta de tesão dela. Porra, um lugar daqueles, amigos, e nem uma transadinha antes de dormir, pra mim isso é inadmissível.
Na última noite eu não aguentei e resolvi puxar a boa e velha discussão de relacionamento. Trouxe a tona os velhos problemas de sempre que não mudavam, que nós não mudávamos. Até que veio o choque. "Acho que não te amo mais""pra mim tá tudo normal, nem bom, nem ruím". Que ótimo, ouvir aquilo, tudo normal. Pra mim estava tudo uma merda, que porra de casamento era aquele? Quem era aquela mulher que dividia a cama comigo e todos os meus planos para o futuro? Vi que talvez eu mesmo não me conhecesse por ter aceitado chegar até ali sem a postura que eu sempre tive nos meus relacionamentos. Acho que o exceço de amor me dobrou, me amoleceu, não soube me defender de todas as situações que ela me fez passar ao longo de dois anos e meio sobre o mesmo teto.
Meu chão se foi e eu estava deitado, caí do Brasil direto no Japão, um tombo enorme. Fechei os olhos e pedi para que o sono viesse o mais rápido possível. Afinal, quem sabe eu não estivesse apenas sonhando, mesmo que acordado.
-TAKE 3-
O fim já era eminente, durante a semana ela já havia me avisado que iria sexta feira para a casa da mãe. Precisava de um tempo, precisava pensar, precisava se afastar de mim. Eu virei um monstro ao longo do tempo, confesso, virei mesmo, me tornei grosseiro, impaciente, ciúmento demais e extremamente irônico em relação a tudo. Deixei de ter o sorriso que só ela conseguia tirar de mim, deixei de ter a simpatia aflorada que ela tinha me feito descobrir em mim mesmo, ela me mostrou tantas coisas novas que eu quase me tornei um eu novo, melhor. Infelizmente, quem construíu, destruíu.
Contei os dias para a chegada da sexta feira e ela chegou, simples, sem grandes acontecimentos ao longo do dia. Tinha dúvidas se ia pra casa vê-la arrumando as malas ou se enrolava mais no trabalho e torcia pra tudo aquilo não ser verdade, ou que pelo menos ela caísse em si, e visse que tudo foi culpa nossa, mas que a gente podia reverter aquilo juntos, como a gente sempre planejou estar desde o dia que a gente se percebeu no mundo.
Optei por vê-la partir, optei pela esperança de chegar em casa e conseguir dissuadí-la a desistir daquela loucura. Ela disse "duas semanas, talvez um pouco mais", enquanto arrumava as malas, eu não queria chorar, mostrar o quanto estava entregue aquela situação, mas as lágrimas simplesmente escorriam de meus olhos e me enxarcavam a camisa, eu olhava hipnotizado e repetia "você nunca mais vai voltar, eu sei". E ela não voltou.
segunda-feira, 7 de abril de 2008
Trem para os Andes
Odeio essas porcarias de montanhas-russas. Brinquedo idiota, você fica subindo e descendo, dando voltinhas e loopings e no final vai parar no mesmo lugar, no ponto de partida. Por isso que eu me pergunto, quem foi que criou essa analogia entre a vida e a montanha-russa, que ambas tem altos e baixos? Isso é simplista demais pra mim.
Modestamente, eu nunca voltei ao ponto de partida e nem pretendo voltar, porque na minha vida nada se repete, nadinha. E acho impossível ver a vida de uma forma macro como viu o sujeito que inventou essa analogia.
Eu, passo mal quando ando nesses trenzinhos do diabo, seja descendo ou subindo o coração ta sempre a mil, na boca. Não acredito que a vida siga nesse ritmo, senão todos enfartaríamos antes dos 30. Se tivesse que comparar a vida a um trem, compararia ao trem que sobe aos Andes. Saíndo das paisagens plácidas dos Pampas (nem sei se é de lá mesmo que ele sai, mas eu gosto de pensar que é) e vai direto lá pro alto das montanhas mais altas da América Latina e suas paisagens inóspitas, mas que transmitem uma deliciosa sensação de infinito, igualzinha a que a gente sente quando vivemos nossos êxitos pessoais.
Sim, é assim que eu vejo a vida, a placidez da infância protegida, os caminhos tortuosos e de múltiplas sensações e contemplações até o nirvana lá no alto da montanha mais alta. O detalhe mais gostoso, é saber que existem estações onde você escolhe entre descer e viver algo novo ou continuar naquele caminho, isso é ter o controle de nossas próprias vidas, sobre nossas escolhas.
Ah porcaria de montanha-russa, subida e descida e voltinhas enjoativas pra voltar ao mesmo lugar. Eu não, eu vou para os Andes.
Modestamente, eu nunca voltei ao ponto de partida e nem pretendo voltar, porque na minha vida nada se repete, nadinha. E acho impossível ver a vida de uma forma macro como viu o sujeito que inventou essa analogia.
Eu, passo mal quando ando nesses trenzinhos do diabo, seja descendo ou subindo o coração ta sempre a mil, na boca. Não acredito que a vida siga nesse ritmo, senão todos enfartaríamos antes dos 30. Se tivesse que comparar a vida a um trem, compararia ao trem que sobe aos Andes. Saíndo das paisagens plácidas dos Pampas (nem sei se é de lá mesmo que ele sai, mas eu gosto de pensar que é) e vai direto lá pro alto das montanhas mais altas da América Latina e suas paisagens inóspitas, mas que transmitem uma deliciosa sensação de infinito, igualzinha a que a gente sente quando vivemos nossos êxitos pessoais.
Sim, é assim que eu vejo a vida, a placidez da infância protegida, os caminhos tortuosos e de múltiplas sensações e contemplações até o nirvana lá no alto da montanha mais alta. O detalhe mais gostoso, é saber que existem estações onde você escolhe entre descer e viver algo novo ou continuar naquele caminho, isso é ter o controle de nossas próprias vidas, sobre nossas escolhas.
Ah porcaria de montanha-russa, subida e descida e voltinhas enjoativas pra voltar ao mesmo lugar. Eu não, eu vou para os Andes.
Marina minha
Ontem sonhei com a minha filha. Estavamos sentados na beira do mar montando um enorme castelo feito de gotas de água e areia, daqueles que aprendemos com nossos pais e que provavelmente eles aprenderam com os pais deles.Marina por segundos se desconcentrou e olhou fixamente para uma nuvem branca e densa como um pedaço de algodão. Filha? Perguntei. Vamos terminar esse casatelo? E ela com os olhos grandes e curiosos como duas ameixazinhas me perguntou. Pai, porque as nuvens são brancas? Nossa, me pegou de surpresa, por essa eu não esperava. A gente fica a vida inteira esperando a hora que nossos filhos vão começar a nos fazer perguntas complexas e desconsertantes demais e simplesmente ignoramos que as perguntas mais simples podem nos derrubar do cavalo.Talvez, se eu tivesse prestado mais atenção nas aulas de ciências ao invés de ficar desenhando preso em meu próprio mundinho tivesse a resposta na ponta da lingua. Só me restou o improviso e eu não me fiz de rogado. Filha, as nuvens são brancas porque o céu é azul e se elas fossem azuis também ninguém as veria. E emendei. Já pensou? Ela no alto dos seus 3 aninhos me olhou desconfiada. Estava parecendo que eu não tinha conseguido ludibriar a inteligência ainda em formação da minha pequena. A verdade é que a sapeca puxou a mãe, curiosa demais pra aceitar apenas uma versão da história.Marina se levantou e para a minha perplexidade correu até a mãe que estava sentada provavelmente no décimo sono em sua cadeira de praia. Mãe, papai disse que as nuves são brancas porque o céu é azul. Olhei pra Letícia com o sorriso amarelo estampado. Não consegui pensar em nada mais criativo na hora. Definitivamente eu havia subestimado minha cria e eu sei que Marina não ia sossegar enquanto não tivesse uma resposta realmente convincente ou pelo menos uma outra versão do assunto.
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