sexta-feira, 13 de junho de 2008

Singela lembrança

Sempre temos tendência a nos martirizarmos pelas lembranças ruíns ou sofrer de saudade pelas boas quando um relacionamento chega ao fim.
Hoje, surpreendentemente eu me peguei no meio de uma lembrança leve, singela, deliciosa, que tirou um sorriso fácil de meu rosto. Para minha sorte eu estava cercado pelas baias do escritório olhando para a tela do computador, assim fui poupado de passar o constrangimento de ser flagrado com uma legítima cara de bobo.
Logo no começo do nosso namoro, depois de tantos problemas que enfrentamos pra estarmos juntos, estavamos finalmente numa fase de curtição mútua. Era carnaval e meus pais alugaram uma casa em Carrancas, uma daquelas típicas cidadezinhas mineiras, pequena e cheia de cachoeiras.
A casa onde ficamos era bem simples, tinha vários quartos e do lado de fora não dava nem pra imaginar que ela era bem maior do que parecia. Um dia acordamos cedo e ficamos na varandinha que dava de frente para um galinheiro. Os dois ali sozinhos, com a cara inchada de sono.
Resolvi brincar com as galinhas. Joguei um pedaço de pão para as danadas, "Vamos lá galinhada, hora do café da manhã." elas gostaram e cacarejaram felizes até que percebi um cacarejo destoando dos demais. Era um "Pó...pó...pó" muito sem sentido. Olhei pra trás e nossa, aquele sorriso eu vou guardar pra vida toda. Ela ficou envergonhada com a precária imitação galinácea. Não me contive e gargalhei, abracei-a, encostei meus lábios em seus ouvidos e sussurrei"Pretinha, você é a mulher mais linda do mundo".