Tento ligar o interruptor de luz da cozinha e nada acontece. Olho para a geladeira e nenhuma das luzinhas está acesa. Carajo! Vou até o corredor, tento ligar a porcaria da luz num último surto de esperança, nada feito.
Mas como no corredor do prédio havia luz e eu acabara de subir de elevador? Vou ligar pra Light. É o que se faz numa hora destas. Cato a conta que havia pago recentemente e ainda estava dentro da minha mochila, e olha só, lá estava o aviso de que não havia pago a conta do mês anterior. Porra. Eu nunca dou esse tipo de mole. Tenho certeza de que paguei.
Vou ligar pra Light. Eles vão resolver. Na teoria eles estão ai pra isso. Até porque não temos opção. Eu simplesmente não podia ligar para uma outra companhia que oferecesse o mesmo serviço. Cara, isso é anti-capitalismo. Como assim eu não posso barganhar com a luz? Dizer que quero experimentar a concorrência?
Ok, vamos voltar a realidade, particularmente a minha, a da luz apagada e a impossibilidade de nem ao menos ligar o computador e trocar uma idéia com algum amigo pelo messenger até o sono bater. Vou ligar pra Light.
Pego meu celular e de conta na mão disco o salvador 0800. Aquela historinha de sempre. Disque 1 pra ser mal atendido. Disque 2 para não resolverem o problema. Disque 9 para ficar realmente puto com um dos nossos atendentes, e finalmente disque 0 para a ligação se auto destruir imediatamente. Porra de conta. Porra de luz. Eu sempre coloco os comprovantes de pagamento via caixa eletrônico entre cada uma das contas correspondentes. Mas diabos, não conseguia achar a conta que não foi paga. Sem a conta não havia comprovante, sem comprovante não havia luz. Desligo o telefone muito puto, claro, eu tinha uma divida mas havia pago a última conta, na minha visão isso era uma álibi uma prova de bom pagador e portanto digno de anistia.
Acho a conta no último ármario que podia procurar, aquele no qual nunca mexo. Ela estava dentro de um saco plástico junto com outros tantos papéis. Lógico, a conta chegou enquanto eu estava fora do país e a minha faxineira, muito organizada, deu um jeito nos papéis que estavam no chão, perto da porta. Ela os guardara, claro, num lugar onde só ela sabia.
A conta estava lacrada, portanto não havia sido paga. Decido ir a luta, coloco uma camisa e calso minhas havainas de calsa jeans mesmo, estilão. Chego no banco e, surpresa, dou de cara com caixas eletrônicos desligados. Já passava das 10 horas. Não desisto por isso. Vou até a casa da minha mãe que fica exatamente na rua em frente ao banco. Chego, explico a situação, conecto o bankline, agora é só pagar a conta pela internet.
Quem disse que eu consigo? Código de barras inválido, ou algo parecido. Merda de mensagenzinhas desanimadoras. Vou ligar pra Light.
Aguardo o atendimento mais uma vez. Eu pensava ter bons argumentos agora para eles devolverem minha luz. A mocinha atende. Ótimas notícias. Mesmo que eu conseguisse pagar a maldita conta, eles ainda teriam um prazo de até 48 horas pra ligarem novamente minha luz. Certamente meus bifes de picanha não sobreviveriam tanto tempo sem gelo e minha cerveja chocaria por causa do choque térmico.
Volto pra casa conformado com a minha realidade. Como dois enroladinhos de queijo e um copo de coca de máquina no caminho. Chego em casa, acendo uma vela e começo a escrever...
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3 comentários:
Fala Kaká! OUKK, como vi por aqui...
Trabalhamos juntos há alguns anos na Estratégica... vc acabou de me mandar o link do seu blog. Enfim, creio que se lembre de mim.
Curti muito teus textos cara, muito mesmo. Não sei até que ponto a ficção encontra a realidade, mas tá tudo excelente. Parabéns.
Depois te mando um email pra colocarmos as novidades em dia. Até lá, fica com Deus!
abraço,
Eduardo Mano
Esse é o melhor de todos... leio toda hora pra me deixar sempre de bom humor. =*
adoro a sua visão "romântica" das coisas...parece que tudo tem cheiro...
e o melhor: eu consigo visualizar todas as cenas...
um bjão
Juliana
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