Olhava para os pedaços de vidro presos em meu punho e nada sentia, minha cabeça ainda não havia saído do torpor raivoso em que eu mesmo havia me metido há alguns minutos atrás. Acabara de socar o espelho com a mão direita como se quisesse me acetar, acertar em cheio aquela imagem que de alguma forma havia implorado por aquilo. Eu me auto-castigara. Dever cumprido. O sangue agora escorria, e eu continuava estático.
Na noite anterior me embebedei, tomei todas, estava com amigos, me diverti, dancei, me senti como um garoto de novo. Devo ter passado umas 4 horas seguidas com o sorriso estampado no rosto. Aquilo era uma maravilha, olhar os amigos e ver que o sentimento era o mesmo. A simplicidade da diversão me toca, sério, esse tipo de coisa me amolece. Ai que me fode, porque as lembranças vem como depressão depois destes momentos de êxstase. A depressão vem forte e eu quase sempre faço uma merda nessas horas. A verdade é que bebados e celulares não se combinam, ou melhor, bebados mau resolvidos e celulares não se combinam.
Eu nem conseguia ver a porcarias das letras mas escrevi uma enorme mensagem, que no dia seguinte seria meu gatilho. Cheguei em casa e a cabeça girava, joguei o celular no chão e como cheguei, chapei.
Ah doce ressaca nosa de cada domingo, odeio os domingos menos do que as segundas mas mais do que todos os outros dias da semana juntos. O domingo tem um que de despedida e eu odeio despedidas. Odeio pensar que as pessoas estão de passagem nas nossas vidas. Mas infelizmente elas estão. Me levantei zonzo e a caminho do banheiro para a primeira vomitada da manhã pisei no celular. Imediatamente o monitor acendeu e vi que havia uma mensagem na tela. Mensagem enviada com sucesso. Com sucesso!?
Abri a mensagem que eu havia enviado antes do desmaio alcóolico. Não! Nãoooooo! Não acredito que eu havia escrito aquilo. Maldição. Como posso fazer esse tipo de coisa comigo mesmo? Eu precisava me castigar. Olhei por alguns minutos pra minha cara de idiota, sim sou um idiota, idiota, e esse mantra foi repetido até a explosão.
O sangue corria e eu permanecia anestesiado. A quantidade de coisas que podem passar por nossas mentes em minutos é impressionante e agora eu estava preso ali naqueles minutos tentando entender porque eu havia mandado aquela mensagem.
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2 comentários:
Porque normalmente quando a gente tá bêbado a gente faz as coisas que gostaria de fazer em sã consciência, se tivesse coragem de fazê-las.
beijos querido!
Ou pq quando estamos realmente bêbados ignoramos as consequências dos nosso atos... Literalmente ligamos o foda-se! Hehehe :)
bjocassss
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